Eu nunca me imaginei em meio a petições, ofícios e coisas afins, mas agora essa é a minha rotina. E confesso que não é tão ruim quanto eu sempre pensei (de tanto ver a minha mãe trabalhar na madrugada nos processos!), só é muito desgastante. Passar o dia na Defensoria Pública, no DRM ou em qualquer órgão que possa nos ajudar cansa, mas é necessário e vale a pena. E aí vamos nós, rumo a mais um dia de luta pela sobrevivência!
Blog criado pela Jornalista Rosite Val para denunciar o descaso que sofre o Bairro Covanca, situado no Município de São Gonçalo, estado do Rio de Janeiro, por parte dos Governos Municipal e Estadual.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
31 de Julho
No sábado, 31/7, começaram a retirar a sujeirada resultante dos deslizamentos de encosta na Lucas, que estava ali desde abril. Será que a Prefeita acha que isso é o suficiente? Que isso nos fará calar a boca? NÃO!
Limpar é mais do que a obrigação deles. Necessitamos de Obras de Contenção e só descansaremos quando as equipes de geólogos, topógrafos e engenheiros, juntamente com todo o maquinário, chegarem aqui para começar as obras. E isso não é nenhum favor, é obrigação do Governante!
... E a luta pela Covanca continua ...
Após quatro meses das chuvas torrenciais que atingiram o município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, nada foi feito. O meu bairro, Covanca, continua abandonado pelo poder Público Municipal e Estadual e a Prefeitura alega não ter dinheiro para começar as obras de contenção de encostas e explosão de pedras que se fazem necessárias, já que o Governador Sérgio Cabral só liberou R$ 53 milhões para as dragagens dos rios e reconstrução de pontes. Por que não começar pelas obras de contenção? Já sei, é porque o Sr. Cabral dorme todas as noites - sem se preocupar se chove ou não - não viu e não passou pelo que nós passamos naquela terrível madrugada! O que nós vimos e passamos nunca saíra das nossas memórias!
Ações já foram movidas pelos moradores, de diversos logradouros, e até agora nada! Daí tivemos a ideia de reunir todo mundo, independente da rua em que mora, e lutar coletivamente pelo bairro, por esse lugar que está desaparecendo do mapa. O Padre André (da Paróquia de Santo Antônio) se juntou à causa, conseguiu uma reunião com a Prefeita Aparecida Panisset, contou e mostrou fotos de todo o corrido na região, mas a ladainha é sempre a mesma, que a Prefeitura não tem dinheiro. Diante disso a Sra Prefeita foi convidada a participar, junto com seus secretários e/ou assessores, de uma reunião que iria ocorrer no bairro no dia 27/7 (terça-feira). Não é necessário dizer que ninguém deles apareceu, mas conseguimos reunir 160 pessoas naquela noite para tomarmos providências coletivamente e exigirmos do poder público os nossos direitos. No dia seguinte, por volta das 13 horas, Padre André conseguiu que três representantes da Prefeitura viessem visitar o bairro: Valmir (Sub-Secretário de Obras), José Alves (Engenheiro) e João Aredes (Engenheiro). Fui ao encontro deles na Travessa Lucas, falei de todos os nossos problemas e da necessidade urgente da visita de geólogos e engenheiros para avaliarem o solo da região e nos darem laudos técnicos para que nós saibamos a real situação em que nos encontramos. Após muito blá-blá-blá, pela primeira vez tivemos a presença de representantes da Prefeitura no meu quintal (e nas adjacências!) para que eles pudessem ver com os próprios olhos a situação em que nos encontramos e o risco que estamos correndo. E sabe o que ouvi do Eng° José Alves? Que eles não sabem o que fazer tamanha a calamidade pública instalada no município de São Gonçalo. E nós? Continuaremos sem dormir se ameaçar chover? Continuaremos sem ter paz? Continuaremos com medo? Continuaremos vendo nosso bairro se transformar num bairro fantasma? Não! Vamos lutar, juntos, pela obras que se fazem necessárias aqui na Covanca! Unidos temos força e iremos até o fim do mundo para conseguir voltar a viver em paz e com dignidade!
Fica aqui um apelo:
SENHOR GOVERNADOR SÉRGIO CABRAL! SENHORA PREFEITA APARECIDA PANISSET!
O POVO DA COVANCA NÃO PODE E NÃO VAI ESPERAR PELA MORTE!
FAÇAM UM ATO DE HUMANIDADE E ATENDAM AOS MORADORES E ELEITORES!
O BAIRRO DA COVANCA PEDE SOCORRO!
... Ainda esperando ...
Passados quatro meses das chuvas torrenciais que devastaram o nosso bairro, nada foi feito. Seguem, abaixo, dois relatos que demonstram o que estamos passando e o descaso dos governantes:
Por Grazilela (moradora da Travessa Lucas):
* 06/04/2010 - fato
* 13/06/2010 - depois de vários pedidos tivemos a visita da Defesa Civil que interditou 35 imóveis na travessa Lucas e Euclides dos Santos
* em 19/04/2010 - Procurei a Secretaria de Infra-Estrutura e depois de dar entrada em um pedido formal no protocolo geral da prefeitura nr 13144/10, fui atendida pelos SRS João e Domingos, expliquei a situação do meu imóvel que se encontra com uma grande quantidade de entulho apoiado na parede lateral da casa e que esta parede pode ceder a qualquer momento e tb que este entulho está fechando completamente a lateral do imóvel o que provoca inundação a cada chuva, ele foi muito gentil comigo e me disse que no dia seginte viria alguém aqui ver o que podia ser feito.
* 20/04/2010 - no fim do dia como ninguém tinha aparecido liguei para a prefeitura e falei com o João que ninguém tinha aparecido, no dia seguinte(21/04 - quarta-feira) seria feriado dia 22 ponto facultativo e 23 outro feriado e tínhamos previsão de chuva pro final de semana como ficaria a minha situação a respota dele foi simplesmente " é " .
* 26/04/2010 - fomos novamente à prefeitura e novamente falamos com o João que disse que o DCO que tinha que fazer a limpeza e que o DCO não respondia a infra-estrutura e sim a secretária de prefeitura(secretário fantasma Sergio Novo, nunca conseguimos encontra-lo la) como não fomos atendidos procuramos a defensoria publica e o DR Jorge de Freitas A. Vieira nos deu uma Atenção incrivel, na verdade ele foi a unica pessoa que se interesou e se indignou com a nossa situação. imediatamente ele fez dois oficios um para infra e outro pro secretário de governo, e por tel entrou em contato com eles e foi informado que o problema ja estava sendo resolvido, a prefeitura tinha 15dd para responde-lo e quado este prazo estava quase acabando veio uma equipe na rua e tirou dois meio caminhoes de terra e informaram ao defensor que a rua tinha sido limpa.
* 10/05/2010 - tivemos uma reunião com o Sr Conrrado que se apresentou como sub secretário de infra-estrutura e lá estava João de novo(ninguem merece) o Sr Conrrado falou bonito e dificil e disse nada por fim empurrou uma lista de aluguel social a maioria das pessoas se deram por satisfeitas e partiram quando eu disse que iria no dia seguinte passar para o defensor que eles não tinham nenhuma previsão de quando seria feita a obra aqui na trav. ele disse que no dia seguinte eles viriam aqui na rua para dar uma solução ( eu não cai nessa de novo). Não preciso dizer que ninguem apareceu...
* 12/05/2010 - entreguei ao defensor um comunicado formal que até a presente data nada havia sido feito na trav e juntos decidimos citar a prefeitura judicialmente.
* 19/05/2010 - o defensor deu entrada na ação.
* durante todo esse periodo nós fizemos varios pedidos ao DCO e tivemos varia desculpas esfarrapadas, tipo : a prefeitura não tem engenheiro para acompanhar a retirada do entulho, o def civil não mandou a aut para que eles pudesssem trab no local, eles estavam trabalhando em outro local qe tinha maior prioridade (praças e jardins) e assim por diante.
* 13/06/2010 - depois de vários pedidos tivemos a visita da Defesa Civil que interditou 35 imóveis na travessa Lucas e Euclides dos Santos
* em 19/04/2010 - Procurei a Secretaria de Infra-Estrutura e depois de dar entrada em um pedido formal no protocolo geral da prefeitura nr 13144/10, fui atendida pelos SRS João e Domingos, expliquei a situação do meu imóvel que se encontra com uma grande quantidade de entulho apoiado na parede lateral da casa e que esta parede pode ceder a qualquer momento e tb que este entulho está fechando completamente a lateral do imóvel o que provoca inundação a cada chuva, ele foi muito gentil comigo e me disse que no dia seginte viria alguém aqui ver o que podia ser feito.
* 20/04/2010 - no fim do dia como ninguém tinha aparecido liguei para a prefeitura e falei com o João que ninguém tinha aparecido, no dia seguinte(21/04 - quarta-feira) seria feriado dia 22 ponto facultativo e 23 outro feriado e tínhamos previsão de chuva pro final de semana como ficaria a minha situação a respota dele foi simplesmente " é " .
* 26/04/2010 - fomos novamente à prefeitura e novamente falamos com o João que disse que o DCO que tinha que fazer a limpeza e que o DCO não respondia a infra-estrutura e sim a secretária de prefeitura(secretário fantasma Sergio Novo, nunca conseguimos encontra-lo la) como não fomos atendidos procuramos a defensoria publica e o DR Jorge de Freitas A. Vieira nos deu uma Atenção incrivel, na verdade ele foi a unica pessoa que se interesou e se indignou com a nossa situação. imediatamente ele fez dois oficios um para infra e outro pro secretário de governo, e por tel entrou em contato com eles e foi informado que o problema ja estava sendo resolvido, a prefeitura tinha 15dd para responde-lo e quado este prazo estava quase acabando veio uma equipe na rua e tirou dois meio caminhoes de terra e informaram ao defensor que a rua tinha sido limpa.
* 10/05/2010 - tivemos uma reunião com o Sr Conrrado que se apresentou como sub secretário de infra-estrutura e lá estava João de novo(ninguem merece) o Sr Conrrado falou bonito e dificil e disse nada por fim empurrou uma lista de aluguel social a maioria das pessoas se deram por satisfeitas e partiram quando eu disse que iria no dia seguinte passar para o defensor que eles não tinham nenhuma previsão de quando seria feita a obra aqui na trav. ele disse que no dia seguinte eles viriam aqui na rua para dar uma solução ( eu não cai nessa de novo). Não preciso dizer que ninguem apareceu...
* 12/05/2010 - entreguei ao defensor um comunicado formal que até a presente data nada havia sido feito na trav e juntos decidimos citar a prefeitura judicialmente.
* 19/05/2010 - o defensor deu entrada na ação.
* durante todo esse periodo nós fizemos varios pedidos ao DCO e tivemos varia desculpas esfarrapadas, tipo : a prefeitura não tem engenheiro para acompanhar a retirada do entulho, o def civil não mandou a aut para que eles pudesssem trab no local, eles estavam trabalhando em outro local qe tinha maior prioridade (praças e jardins) e assim por diante.
Por Marcelle (advogada que acompanhou o Padre André no encontro com a Prefeita):
"Em 24/7/2010, eu (Marcelle) e o Padre André, pároco da Paróquia de Santo Antonio – Covanca, comparecemos ao café da manhã na Prefeitura de São Gonçalo, oferecido pela prefeita Aparecida Panisset. Em função das chuvas calamitosas ocorridas no mês de abril de 2010, que prejudicou e muito os moradores do bairro Covanca, o Padre André Luis, falou para a prefeita Aparecida e outras pessoas presentes no café, dos danos sofridos pelos moradores, como o perigo ainda presente nas encostas, mostrou as fotos tiradas pela Graziela que mostravam o estado da rua onde ela mora e da encosta. Mencionou também que os moradoras da Travessa Lucas e Travessa Euclides dos Santos ajuizaram, através da Defensoria Pública, Ação Civil Pública, na qual consta a solicitação de providências para reparação dos danos.
Eu e Padre André conversamos com o Sr. Adolpho que trabalha juntamente com a prefeita e também com o Sr. Valmir, secretário de infra-estrutura (acho que é esse o nome da secretaria, mas é melhor verificar). Mostramos, através das fotos, como estava a Travessa Lucas. Informamos ainda que havia uma pedra na Travessa Lucas prestes a rolar. Citamos também os problemas que outras ruas do bairro estão enfrentando após as chuvas e, que neste momento, precisava ser feito um laudo estrutural por um engenheiro desses lugares afetados para que então pudessem ser realizadas as obras necessárias. O Sr Valmir ficou com as fotos e a cópia da Ação Civil Pública, onde consta o relato de todos os danos e a solicitação de providências pertinentes ao ocorrido. O Sr. Valmir prometeu que, na terça-feira (dia 27/7/2010), estaria, pessoalmente, na Travessa Lucas, pois este lugar ainda estava com o barranco trazido pelas chuvas, e levaria caminhão para fazer a retirada de todo esse entulho. A prefeita nos informou também que seria necessária uma verba de R$ 35.000.000,00 para a realização do trabalho de estudo do estado das encostas (laudo estrutural) que envolve trabalho de engenheiros, etc, e que, no momento, a prefeitura não dispunha de tal valor."
quarta-feira, 21 de abril de 2010
... E a luta continua ...
Bem, lá se vão 16 dias desde a fatídica chuva que se abateu sobre o município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e nenhuma providência foi tomada para que isso não volte a ocorrer. Explico: no meu bairro a Defesa Civil interditou muitas residências e mandou muita gente sair de casa porque há riscos de novos deslizamentos de terra - inclusive a minha casa dos fundos também foi interditada devido ao deslizamento ocorrido no quintal - e orientou os proprietários, que não têm para onde ir , a se cadastrarem no CRAS para receber o tal do aluguel social, dado pelo Governo do Estado, de R$ 400,00. É claro que muita gente não precisa disso (até porque com essa quantia não se aluga nem um quarto e sala num lugar decente em São Gonçalo !) e quem precisa, de repente, nem vai ganhar porque construiu irregularmente e não paga IPTU ... Tá, é uma política populista e que ninguém sabe se vai funcionar direito ou se haverá os famosos desvios de verba e coisa e tal ... Mas e daí? O quê o poder público vai fazer para conter as encostas? Não adianta de nada retirar as pessoas e não reflorestar os morros, fazer as obras de contenção de encostas, demolir as construções irregulares e explodir as pedras que ameaçam a vida de tantos. E quem não teve a casa interditada? Como vive daqui em diante? Rezando para não chover? Ou passando as noites em claro com medo de qualquer chuva causar uma tragédia? Não se controla a natureza e se o homem não a tivesse destruído tanto, muita coisa poderia ter sido evitada ... Só sei que esses tempos difíceis fizeram com que os moradores se unissem por um bem comum e estamos correndo atrás de todos os órgãos competentes (Prefeitura de São Gonçalo, Defesa Civil e o que tiver de ser) para que as obras sejam feitas e possamos todos voltar a viver no lugar que sempre vivemos, onde nossas famílias construíram uma história, uma vida. Não quero mais ouvir o que ouvi do filho da Dona Valdete: "Rosite, eu tenho 40 anos, nasci aqui. Eu e a minha mãe temos que sair de casa por causa do risco de deslizamento de pedras. Sentei no sofá da minha casa e fiquei olhando, pela última vez, a vista de toda a minha vida..." O que mais me dói é o fato de - em nenhum momento - termos conseguido um espaço na rádio, no jornal da cidade ou na televisão para denunciarmos o que aconteceu no nosso bairro ... tudo bem que o ocorrido em Niterói é gravíssimo, mas não se pode abafar o que aconteceu em outros lugares. Já entramos em contato com programas de rádio, redações de jornais e equipes de televisão, mas ninguém nos deu a mínima. Será por que é na cidade de São Gonçalo, que muitos julgam ser bairro de Niterói e lugar de gente favelada e analfabeta? Me parece que sim, mas essas pessoas preconceituosas estão culturalmente, economicamente e geograficamente enganadas. Fica aqui mais uma denúncia, além do descaso dos Governos Municipal e Estadual para com o bairro da Covanca, o preconceito contra a cidade de São Gonçalo por parte da IMPRENSA. Sou formada em Jornalismo e nessas horas me envergonho disso! Mas podem deixar, nós, O POVO, lutaremos até o fim para termos o direito de voltar a viver em paz e com dignidade!
terça-feira, 13 de abril de 2010
... Relato desses dias ...
Passada uma semana da chuva catastrófica, nada mudou. Digo, a paisagem devastadora permanece no meu bairro e a apreensão toma conta dos moradores. Ontem, mais uma vez, liguei para a Defesa Civil para dizer que eles precisam voltar aqui, vistoriar as casas e as encostas e fazer um trabalho de prevenção - já que há muitas construções irregulares nos morros que ameaçam a vida de outras pessoas - e eles disseram que viriam hoje vistoriar (dia 13/4). Aproveitei o embalo, fiz uma carta contando tudo o que aconteceu na redondeza, como estamos jogados às traças nesse lugar (na hora de pedir voto todos os políticos passam aqui na rua, mas na hora de dar um auxílio ninguém aparece!) e a enviei para todos os e-mails que estavam disponíveis no site da Prefeitura de São Gonçalo. Se vai adiantar alguma coisa eu não sei, mas estou fazendo o meu papel de cidadã, estou tentando fazer com que olhem para a Covanca e tomem providências. Hoje - lá pelas 11h30 - a Defesa Civil apareceu, começou a vistoriar as casas da Travessa Lucas (na rua e no morro) e interditou quase todas. Passei a tarde toda lá, atrás dos técnicos , para que eles não se esqueçam de olhar as casas que estão na rua principal e dão para o outro morro, mas como o trabalho na Lucas foi muito mais árduo do que eles esperavam, o meu lado da rua ficou para amanhã (dia 14/4). Você fica desconfiada nessa hora, mas o técnico repetiu para todo mundo do lado de lá que amanhã verá as casas do meu lado da rua. Havia muito tempo que eu não entrava na Travessa e revi umas senhoras que me viram nascer. Muita gente me perguntou: "Você é a filha da doutora Janetti?" "Sim", eu respondi. E aí vinham sorrisos e relatos que remetiam a minha mãe, ao meu avô Pimenta e a minha avó Odette. Nossa, como aquece o coração saber e ver nos olhos dessas pessoas o carinho pela minha mãe (já falecida há 7 anos) ... sim, a mamãe era popular, conhecia e falava com todo mundo... era a advogada que ajudava muita gente ... os meus avós também eram assim ... Eu tenho muito orgulho de ser "a filha da doutora" ou "a neta do seu Pimenta", é assim que eles me vêem, é essa menininha que eles enxergam. Hoje me emocionei algumas vezes ao ver senhoras, que moram aqui desde sempre, terem que ir embora porque as casas foram interditadas ... é tão triste presenciar isso ... dói tanto ... Amanhã a nossa luta continua, lá iremos nós atrás da Defesa Civil para que eles vejam o meu quintal e os dos meus vizinhos desse lado da rua. Graças a Deus fez sol hoje e amanhã também fará e temos que aproveitar esse tempo bom para que os técnicos vistoriem todos os morros e façam laudos sobre o que estão vendo. Esse é o momento de conseguirmos uma solução para os problemas que ocorreram, se o tempo passar, seremos esquecidos mais uma vez.
P.S: Já falei que os meus vizinhos da frente me acolheram com o maior carinho naqueles dias difíceis (entre 05 e 09/4) e quero agradecê-los, os Albuquerque Pinho, por tudo. Esse é um elo construído lá atrás, na época da Segunda Guerra Mundial - quando os nossos avós serviram ao Exército juntos - e que veio de geração para geração. Sim. Há mais mistérios entre o céu e a terra do que podemos imaginar e eu creio nisso.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
... Relatos ...
... Relato de dias difíceis ...
Moro na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, num bairro chamado Covanca (caminho entre montanhas) divisa entre os municípios de Niterói e São Gonçalo. O que aconteceu por aqui devido ao temporal que caiu durante mais de 14 horas ininterruptamente eu nunca tinha presenciado na vida. Tudo começou mais ou menos às 18h/ 19h da segunda-feira, dia 05/4, com uma chuva muito forte, mas que ninguém podia imaginar que poderia se tornar o que se tornou. Eu e meus vizinhos de parede temos um ritual quando chove forte, ficamos nos falando por telefone para saber se está tudo bem, já que os nossos quintais dão para uma montanha e toda vez que chove somos abençoados com uma grande quantidade de água que jorra da montanha. Até uma certa hora, apesar do nervoso e do medo instalados devido a chuva forte, tudo ia bem, até que lá pela meia-noite meu telefone toca e é a minha vizinha dizendo: "Rosite, meu muro de contenção veio abaixo, soterrou a minha cozinha, eu não tenho como sair de casa!". Pausa. Eu não queria acreditar que isso estava acontecendo. Liguei para a Defesa Civil e consegui que um carro aparecesse por aqui. Nesse interim o mundo desabou, literalmente. Uma parte do morro da Travessa Lucas - na esquina da minha rua - veio abaixo ... as pessoas na rua fugindo, pedindo socorro ... e chovia, chovia, chovia muito ... A Defesa Civil apareceu, mas não entrou na casa da minha vizinha porque o cachorro dela tinha se soltado, mas ela e o filho pularam o muro daqui de casa e fugiram do perigo. E a chuva não parava ... e surge um clarão, um estrondo ... uma outra parte do morro da Travessa Lucas veio abaixo ... e todos os moradores da redondeza acordam, acendem as luzes e vão para a rua para tentar ajudar quem está soterrado ou desabrigado ... graças a Deus as pessoas que estavam soterradas foram salvas com vida ... o colégio aqui em frente virou abrigo, quartel general da Defesa Civil e ponto de donativos. São aproximadamente 130 pessoas desabrigadas somente em 2 quarteirões ... muita gente perdeu tudo ... muita gente que morava aqui na rua (não no morro) a vida toda, fugiu às pressas com o que dava para pegar ... e eu conheço essas pessoas, todo mundo aqui se conhece ... E eu no meio disso tudo? Eu - de lanterna na mão - monitorava a água que jorrava vinda da montanha aqui no meu quintal e rezava pedindo a Deus e a Nossa Senhora que nos protegesse de todos os males ... lá pelas quatro horas da manhã, saí de casa e fui para a casa da minha vizinha da frente para esperar o dia clarear. Demorou mais do que nunca. E quando finalmente amanheceu, o que eu vi não tem como explicar ... era como se uma avalanche tivesse passado e levado uma boa parte do final da Travessa Lucas. Eu nunca tinha visto isso na vida, ninguém tinha visto isso aqui! Ontem foi o dia em que a Defesa Civil vistoriou muitas casas - condenou muitas do morro e da rua! - e veio vistoriar o meu quintal e o da minha vizinha. Houve deslizamento de terra nos nossos quintas e há uma casa irregular na encosta do morro, na nossa direção, que ameaça despencar devido ao fato da dona jogar esgoto e lixo morro abaixo e promover queimadas ocasionando o enfraquecimento do solo, o que pode ocasionar novos deslizamentos, daí recebemos a seguinte orientação da Defesa Civil: "Se chover forte, não fique por aqui." Meus vizinhos pegaram algumas coisas e foram para a casa de parentes, eu fiz uma mochila e fui dormir na casa da família que mora na frente da minha casa. Durante a madrugada choveu muito forte algumas vezes e pelas sete da manhã também. O sol está começando a surgir, mas o tempo permanece instável e temos todos de continuar atentos e vigilantes. Eu permaneço atenta, vigilante e rezando e posso dizer - de cadeira - que a Fé salva! E quero dizer também que aqui no interior a Solidaridade existe, antes de tudo! E dias melhores virão! (Publicado em 07 de abril de 2010, por Rosite Val no blog Ars ... L'Art ... Arte)
APELO !!!
Esse é um espaço democrático criado para divulgar o que aconteceu com o Bairro Covanca (caminho entre montanhas em tupi-guarani), no Município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, após as chuvas torrenciais ocorridas na madrugada do dia 06 de Abril de 2010.
Queremos soluções para os problemas do nosso bairro!
Precisamos urgentemente de Obras de Contenção de Encostas, Reflorestamento dos Morros e Explosão de Pedras que ameaçam as vidas dos moradores!
Após quatro meses do ocorrido continuamos à margem, abandonados, sem nenhum apoio da Prefeitura Municipal de São Gonçalo nem do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Todos os relatos de moradores e ex-moradores serão bem-vindos.
Junte-se a nós pela salvação do nosso bairro!
PRECISAMOS DA AJUDA DOS GOVERNANTES !!!
Queremos soluções para os problemas do nosso bairro!
Precisamos urgentemente de Obras de Contenção de Encostas, Reflorestamento dos Morros e Explosão de Pedras que ameaçam as vidas dos moradores!
Após quatro meses do ocorrido continuamos à margem, abandonados, sem nenhum apoio da Prefeitura Municipal de São Gonçalo nem do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Todos os relatos de moradores e ex-moradores serão bem-vindos.
Junte-se a nós pela salvação do nosso bairro!
PRECISAMOS DA AJUDA DOS GOVERNANTES !!!
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