quarta-feira, 28 de julho de 2010

... Relatos ...


... Relato de dias difíceis ...

Moro na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, num bairro chamado Covanca (caminho entre montanhas) divisa entre os municípios de Niterói e São Gonçalo. O que aconteceu por aqui devido ao temporal que caiu durante mais de 14 horas ininterruptamente eu nunca tinha presenciado na vida. Tudo começou mais ou menos às 18h/ 19h da segunda-feira, dia 05/4, com uma chuva muito forte, mas que ninguém podia imaginar que poderia se tornar o que se tornou. Eu e meus vizinhos de parede temos um ritual quando chove forte, ficamos nos falando por telefone para saber se está tudo bem, já que os nossos quintais dão para uma montanha e toda vez que chove somos abençoados com uma grande quantidade de água que jorra da montanha. Até uma certa hora, apesar do nervoso e do medo instalados devido a chuva forte, tudo ia bem, até que lá pela meia-noite meu telefone toca e é a minha vizinha dizendo: "Rosite, meu muro de contenção veio abaixo, soterrou a minha cozinha, eu não tenho como sair de casa!". Pausa. Eu não queria acreditar que isso estava acontecendo. Liguei para a Defesa Civil e consegui que um carro aparecesse por aqui. Nesse interim o mundo desabou, literalmente. Uma parte do morro da Travessa Lucas - na esquina da minha rua - veio abaixo ... as pessoas na rua fugindo, pedindo socorro ... e chovia, chovia, chovia muito ... A Defesa Civil apareceu, mas não entrou na casa da minha vizinha porque o cachorro dela tinha se soltado, mas ela e o filho pularam o muro daqui de casa e fugiram do perigo. E a chuva não parava ... e surge um clarão, um estrondo ... uma outra parte do morro da Travessa Lucas veio abaixo ... e todos os moradores da redondeza acordam, acendem as luzes e vão para a rua para tentar ajudar quem está soterrado ou desabrigado ... graças a Deus as pessoas que estavam soterradas foram salvas com vida ... o colégio aqui em frente virou abrigo, quartel general da Defesa Civil e ponto de donativos. São aproximadamente 130 pessoas desabrigadas somente em 2 quarteirões ... muita gente perdeu tudo ... muita gente que morava aqui na rua (não no morro) a vida toda, fugiu às pressas com o que dava para pegar ... e eu conheço essas pessoas, todo mundo aqui se conhece ... E eu no meio disso tudo? Eu - de lanterna na mão - monitorava a água que jorrava vinda da montanha aqui no meu quintal e rezava pedindo a Deus e a Nossa Senhora que nos protegesse de todos os males ... lá pelas quatro horas da manhã, saí de casa e fui para a casa da minha vizinha da frente para esperar o dia clarear. Demorou mais do que nunca. E quando finalmente amanheceu, o que eu vi não tem como explicar ... era como se uma avalanche tivesse passado e levado uma boa parte do final da Travessa Lucas. Eu nunca tinha visto isso na vida, ninguém tinha visto isso aqui! Ontem foi o dia em que a Defesa Civil vistoriou muitas casas - condenou muitas do morro e da rua! - e veio vistoriar o meu quintal e o da minha vizinha. Houve deslizamento de terra nos nossos quintas e há uma casa irregular na encosta do morro, na nossa direção, que ameaça despencar devido ao fato da dona jogar esgoto e lixo morro abaixo e promover queimadas ocasionando o enfraquecimento do solo, o que pode ocasionar novos deslizamentos, daí recebemos a seguinte orientação da Defesa Civil: "Se chover forte, não fique por aqui." Meus vizinhos pegaram algumas coisas e foram para a casa de parentes, eu fiz uma mochila e fui dormir na casa da família que mora na frente da minha casa. Durante a madrugada choveu muito forte algumas vezes e pelas sete da manhã também. O sol está começando a surgir, mas o tempo permanece instável e temos todos de continuar atentos e vigilantes. Eu permaneço atenta, vigilante e rezando e posso dizer - de cadeira - que a Fé salva! E quero dizer também que aqui no interior a Solidaridade existe, antes de tudo! E dias melhores virão! (Publicado em 07 de abril de 2010, por Rosite Val no blog Ars ... L'Art ... Arte)
 

APELO !!!

Esse é um espaço democrático criado para divulgar o que aconteceu com o Bairro Covanca (caminho entre montanhas em tupi-guarani), no Município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, após as chuvas torrenciais ocorridas na madrugada do dia 06 de Abril de 2010.
Queremos soluções para os problemas do nosso bairro!
Precisamos urgentemente de Obras de Contenção de Encostas, Reflorestamento dos Morros e Explosão de Pedras que ameaçam as vidas dos moradores!
Após quatro meses do ocorrido continuamos à margem, abandonados, sem nenhum apoio da Prefeitura Municipal de São Gonçalo nem do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Todos os relatos de moradores e ex-moradores serão bem-vindos.
Junte-se a nós pela salvação do nosso bairro!

PRECISAMOS DA AJUDA DOS GOVERNANTES !!!